segunda-feira, 7 de abril de 2014

eu tinha-te a ti

As ruas tornaram-se lugares inanimados, e domadas pela neblina e pelo escuro, debatiam-se contra o silêncio e o eco que o vento fazia ao passar-lhes. Eu tinha-te a ti, mas elas não tinham ninguém.
Estática olhava o chão da calçada e desejei deitar-me nela e contar as estrelas contigo, mas tinhas que ir. Nada te poderia impedir, por isso, tu tinhas que ir e não voltar. Seria injusto se te pedisse para não o fazeres e que em vez disso, me agarrasses a mão para que soubesse que não ias. Pelo menos não sem mim.
Lambi o cieiro em busca de certezas, e assim que te apercebeste do que te queria dizer viraste a face para o lado oposto à minha. Não me podias beijar, o desejo de me quereres junto ao peito estava preso nos meus lábios, e por isso, não me podias beijar.
Implorava-te sem que me ouvisses, mas era pecado fazê-lo e eu sabia-o embora não quisesse.
Tinhas que ir mas não ias, porque me tinhas a mim e as ruas não tinham ninguém.
Tinhas que ir, mas não foste porque sabias que se o fizesses, ficaríamos como elas, vazios, escuros.
Sem ninguém.

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