Dirijo-me a um jardim. Vejo o meu reflexo num café de esquina e ponho para trás um cabelo rebelde que esvoaçava com o vento. Tenho os meus vinte e poucos anos. Atravesso a estrada para o outro lado a correr. O parque é lindo, o que já era de esperar deste sítio. Tem árvores dos dois lados e cheira-me a relva molhada, acaba de regar. Evito pisar as possas para não ser tentada a viver de novo, a vida simples e ingênua de uma criança. Esta imagem assombra-me a mente, vezes e vezes sem conta. Toda a gente no parque, naquela tarde de frio insuportável, sorriam para alguém. Para o próximo. É notável a felicidade. Estou sozinha e é fácil arranjar lugar no meio de tantos bancos típicos de jardim. Olho em redor. Estou em Londres. Vejo o Big Ben a gritar-me ao longe que são horas do chá. Pouso o capacete. E dou uma olhada na minha vespa cor de coral. Tiro as bolachas enquanto beberico um galão da Starbucks. Fecho os olhos. Sou levada por uma brisa fria, que me passa ao lado, no exacto momento em que ajeito o cachecol. Penso irriquieta que não tenho ninguém, mas nem isso me impede de abrir os braços e rodopiar por entre a folhagem seca deixada ao abandono pelo Outono. "Apesar de tudo, sou feliz.", sussurro para que nem o mundo oiça a minha confissão sincera e cheia de esperança. Esperança de nada. De tudo...
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